👀 Por que não faz mais sentido falar em pesquisa de tendências?
E por que essa afirmação tem seu viés também. E mais: vem aí uma nova era das buscas? O marketing de propósito tem valor?
E aí, tudo bem com vocês? Só para lembrar, se você veio por indicação ou caiu aqui pelas graças do algoritmo do Substack, estou por aqui defendendo a criação de uma comunidade de contratantes de projetos de conteúdo e todos aqueles interessados na arte de contar boas histórias. Considere assinar se quiser receber toda segunda-feira as edições que faço com todo carinho!
Esta semana, abro a edição com pensamentos sobre um artigo que caiu na minha curadoria e chamou atenção. O debate gira ao redor da constatação que, em uma sociedade movida por informações rápidas e algoritmos, os conceitos de “tendências” e “insights culturais” passaram por uma transformação substancial.
A autora, Julia Makhalova-Chi, alega que o que antes se referia a movimentos culturais profundos, hoje está associado a modismos superficiais, frequentemente vinculados à estética efêmera de plataformas como o TikTok.
A confusão semântica em torno do termo “tendência” levanta uma questão importante: está na hora de reavaliar como falamos sobre esses movimentos?
Nos últimos anos, o uso do termo “tendência” sofreu o que os linguistas chamam de “inflação semântica”.
Este fenômeno ocorre quando uma palavra é utilizada em tantos contextos que começa a perder seu significado original. Hoje, o que chamamos de “tendência” pode ser tanto uma mudança cultural profunda quanto o mais recente meme viral, criando uma ambiguidade que atrapalha a clareza no discurso entre profissionais de marketing, pesquisadores e o público em geral.
A autora coloca a culpa nos algoritmos…
O sistema de recomendação baseado em engajamento, utilizado por redes sociais, favorece conteúdos que provocam reações rápidas, empurrando para o esquecimento movimentos culturais que exigem mais reflexão e aprofundamento.
Como resultado, a pesquisa de tendências está cada vez mais fragmentada e dificilmente consegue distinguir entre um modismo viral e uma mudança cultural profunda. E aponta:
Ao falarmos sobre “desembalar” ou “decodificar” tendências, caímos na armadilha de vender superficialidade como se fosse profundidade estratégica .
Tem que acabar o termo “Tendência"?
Diante dessa confusão, muitos profissionais da área, como a autora Julia Makhalova-Chi, sugerem que talvez seja hora de abandonar o termo “tendência” em favor de expressões mais precisas, como “insights culturais”.
Este termo, ao contrário do anterior, promete uma análise mais profunda dos movimentos culturais, permitindo que as marcas compreendam as verdadeiras dinâmicas sociais que influenciam o comportamento do consumidor .
Enquanto a tendência pode ser confundida com um meme que explode e desaparece, os insights culturais tratam das forças mais duradouras e significativas que moldam o comportamento coletivo.
Um exemplo claro disso é a crescente preocupação com a saúde mental e o bem-estar. Nos últimos anos, vimos marcas se posicionarem ativamente nesse espaço, reconhecendo que o bem-estar não é uma moda, mas uma necessidade estrutural de nossa sociedade pós-pandêmica .
O que fazer em seu próximo Keynote?
Reposicionar a pesquisa de tendências começa por abandonar o desejo de capturar tudo o que é viral. Em vez disso, a pesquisa precisa retornar às suas raízes: a análise cuidadosa de movimentos culturais profundos. Isso significa olhar para além das hashtags e vídeos curtos, buscando entender as forças estruturais que guiam os comportamentos humanos.
Na prática, isso envolve combinar a coleta de dados quantitativos com uma análise qualitativa rica, que inclui a compreensão das motivações, valores e conflitos culturais subjacentes .
A proposta de utilizar “insights culturais” no lugar de “tendências” é um passo importante nessa direção. No entanto, como qualquer novo termo, ele também corre o risco de se desgastar com o uso excessivo.
E foi aqui que comecei achar Naif o argumento
Quando analiso o que Julia propõe me ocorre pegar carona em alguns conceitos de Estudos Culturais, por exemplo.
Os Estudos Culturais são um campo multidisciplinar que surgiu nos anos 1950 e 1960 no Reino Unido e que busca entender como a cultura é criada, disseminada e consumida, e como isso influencia a sociedade.
→ E é claro que preparei uma lista de obras para você ficar de olho1
Eles têm como objetivo analisar o impacto das mídias, práticas sociais e representações culturais no cotidiano das pessoas e na construção de identidades.
Em vez de estudar a cultura de forma isolada ou elitista (como obras de arte ou literatura clássica, ou o artigo que estou comentando), os Estudos Culturais focam em aspectos populares e cotidianos da cultura, como a televisão, música, cinema, moda, e até memes de internet.
Eles tentam entender como esses produtos culturais estão relacionados com questões de poder, política, classe, gênero, etnia e outras estruturas sociais.
Um ponto-chave é que os Estudos Culturais tratam a cultura não apenas como algo passivo, mas como algo ativo, que as pessoas interpretam e usam para dar significado às suas vidas. Isso inclui analisar como diferentes grupos sociais resistem ou se apropriam de certas representações culturais para afirmar suas identidades.
Por exemplo, as roupas que usamos ou os programas de TV que assistimos podem parecer triviais, mas dizem muito sobre o lugar que ocupamos na sociedade e como nos identificamos.
Além disso, os Estudos Culturais desafiam a ideia de que a cultura é "neutra". Ao contrário, eles mostram como a cultura reflete e perpetua desigualdades e formas de dominação, enquanto também oferece espaço para a contestação e transformação dessas estruturas.
E é aqui que vale pensar se o que Julia testemunha não é o esvaziamento do poder de captar tendências, mas um novo campo de embate, mais veloz e sublimado sim, mas não por anomalia ou defeito, mas como testemunha ele mesmo de um novo estado de coisas.
Cultura flash. Embates supersônicos. Dialética para além do tempo de cognição. Talvez seja sobre isso.
Sei lá, me fala aí!
Marketing de propósito. Mas, em favor de quem?
No ambiente atual de marketing de conteúdo e storytelling, a busca incessante pelo retorno sobre investimento (ROI) tem direcionado as estratégias para focar em audiências que oferecem lucro imediato. No entanto, essa abordagem pode estar ignorando uma parcela significativa da população que, apesar de não poder contribuir financeiramente, tem o poder de gerar um impacto social considerável. Esses grupos, frequentemente marginalizados, revelam a necessidade de repensar o conceito de “público-alvo” e por que eles merecem atenção.
O jornalismo e a produção de conteúdo desempenham um papel essencial na informação e formação da opinião pública. A equidade no acesso à informação de qualidade é fundamental para a manutenção de uma sociedade democrática. Portanto, é vital que nossas estratégias de conteúdo não apenas visem ao lucro, mas também promovam o engajamento e o empoderamento de públicos tradicionalmente negligenciados. Vamos explorar como realinhar nossas abordagens para criar conteúdo significativo para todos.
A discussão seguiu neste post lá no Blog da CC →
Papo rápido sobre relevância cultural e estratégia de conteúdo
Em um cenário digital saturado de conteúdo e anúncios, surge uma tendência essencial: a relevância cultural no marketing de conteúdo e no storytelling. Essa abordagem cria uma ressonância profunda entre marcas e públicos, indo além da simples busca por visualizações e engajamento superficial.
Embora o conceito de relevância cultural não seja novo, ele está ganhando força à medida que as empresas percebem que uma conexão autêntica com a cultura pode gerar relacionamentos duradouros e confiáveis com os consumidores.
Vem cá conhecer melhor o que queremos dizer neste artigo do bloc da CC →
😅 …eu estava vindo pra cá…
E lembrei de comentar mais uma vez que monto essa edição quentinha toda segunda-feira, com a ajuda de uma metodologia que criei e estou TODOS OS DIAS refinando.
A ideia é unir I.A e Automação como ACELERADORES do trabalho de curadoria. Chamei isso de Sinapse.
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💦 Gotinhas que pingaram por aí
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Para garantir o sucesso das estratégias de geração de leads de qualidade, são necessárias mudanças não apenas no departamento de marketing, e estratégia de conteúdo, mas em toda a organização. Aqui, mostramos como →
Ufa, agora foi.
Me conta o que tem achado das edições?
Aqui os principais autores dos Estudos Culturais e suas obras (o link no nome leva para uma seleção maior de obras!):
Stuart Hall: Um dos fundadores dos Estudos Culturais, Hall desenvolveu a teoria de codificação e decodificação, que explora como as audiências interpretam as mensagens da mídia de formas diversas, influenciadas por suas experiências de classe, gênero e raça. | Comece por: Cultura, Mídia e Linguagem (1980), The Hard Road to Renewal: Thatcherism and the Crisis of the Left (1988) e Representation: Cultural Representations and Signifying Practices (1997) .
Raymond Williams: focou na ideia de que a cultura é "ordinária", ou seja, formada tanto por práticas populares quanto por expressões artísticas, e introduziu o conceito de "estrutura de sentimento", que captura as formas coletivas de experiência e emoção em diferentes épocas. | Comece por: Culture and Society (1958), The Long Revolution (1961) e Keywords: A Vocabulary of Culture and Society (1976)
Edward Said: conhecido por sua crítica ao eurocentrismo e ao colonialismo cultural. Orientalismo examina como o Ocidente construiu uma visão distorcida e estereotipada do Oriente para justificar a dominação imperialista. | Para ler: Orientalismo (1978) e Cultura e Imperialismo (1993) .
Angela McRobbie: uma das principais vozes feministas nos Estudos Culturais. Ela discute como a cultura popular, especialmente em relação à juventude e à moda, reflete e reforça as dinâmicas de gênero. Suas obras: Feminism and Youth Culture (1991) e The Aftermath of Feminism: Gender, Culture and Social Change (2008)
Dick Hebdige: Hebdige estudou subculturas juvenis, mostrando como estilos como o punk podem ser formas de resistência cultural contra a hegemonia dominante, mas também como acabam sendo absorvidos pela cultura de massa. | Separei para você: Subculture: The Meaning of Style (1979) e Cut 'n' Mix: Culture, Identity and Caribbean Music (1987)
Homi K. Bhabha: introduziu conceitos como "hibridismo cultural" e "terceiro espaço", destacando a ambiguidade e fluidez das identidades culturais, especialmente no contexto do colonialismo e da diáspora. | Leia o The Location of Culture (1994).
Paul Gilroy: Gilroy explora a diáspora africana e a ideia de um Atlântico Negro, uma cultura transnacional que conecta o Ocidente com a África e o Caribe, quebrando as fronteiras nacionais e raciais tradicionais. | Leia: The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (1993) e Against Race: Imagining Political Culture Beyond the Color Line (2000)
Judith Butler: Butler é uma teórica importante no campo da teoria queer e dos Estudos Culturais. Ela argumenta que gênero não é uma essência fixa, mas sim uma performance repetida, contestando as normas de gênero tradicionais. | Para começar: Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity* (1990) e Bodies That Matter: On the Discursive Limits of "Sex" (1993)
Lawrence Grossberg: é conhecido por seu trabalho sobre a relação entre política e cultura popular, explorando como a música, especialmente o rock, funciona como um espaço de expressão política e cultural. | Obras: We Gotta Get Out of This Place: Popular Conservatism and Postmodern Culture (1992) e Cultural Studies in the Future Tense (2010)
Michel de Certeau: é conhecido por sua análise das "práticas cotidianas", mostrando como os indivíduos resistem e reinterpretam as estruturas de poder dominantes através de pequenas táticas de subversão no dia a dia. | Você pode ler o livro A Invenção do Cotidiano (1980)